O ceticismo necessário


"Descobrir a gota ocasional de verdade no meio de um grande oceano de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e coragem. Mas, se não praticarmos esses hábitos rigorosos de pensar, não podemos ter a esperança de solucionar os problemas verdadeiramente sérios com que nos defrontamos - e nos arriscamos a nos tornar uma nação de patetas, um mundo de patetas, prontos para sermos passados para trás pelo primeiro charlatão que cruzar o nosso caminho". (Carl Sagan)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Não existe caminho para a liberdade - A liberdade é o caminho.

Regina, uma grande leitora/colaboradora deste humilde blog postou um comentário tão bom que publico aqui.
O título é meu, mas "colei" de um outro blog chamado Construindo o Pensamento, de Yashá Galazzi, um grande blogueiro. Assim como Yashá e a Regina, há muita gente vigilante na blogsfera.
Aproveitem o texto.

Nenhum governo gosta da liberdade de imprensa. Afinal, a imprensa investiga fatos, sendo importante fator de contenção do avanço do poder estatal sobre nossas liberdades. Governos com viés autoritário toleram ainda menos esta liberdade de investigar e criticar.

Não por acaso, todas as ditaduras tentam controlar a imprensa, vista como inimigo prioritário em seus projetos de poder absoluto.

Na América Latina, a liberdade de imprensa está cada vez mais ameaçada. Cuba representa a situação extrema, onde a distopia “1984”, de George Orwell, tornou-se realidade. Somente o governo divulga as “notícias”. A Venezuela de Chávez caminha a passos largos nessa direção. Na Argentina, o casal K vem desferindo duros golpes nos principais veículos de imprensa. E no Brasil, desde a tentativa fracassada de controle através do Conselho Nacional de Jornalismo, o governo não desistiu do sonho de amordaçar a imprensa.

Eis o contexto da IIª Conferência Nacional de Cultura onde sob o manto da “democratização” da imprensa, o governo pretende estender seus tentáculos por todo o setor, asfixiando sua liberdade. A resolução estratégica lançada para o evento pode ser resumida em uma única palavra: censura. Aquilo que eles chamam de “controle social” nada mais é do que os antigos conselhos comunistas. A palavra final fica com o governo, o novo censor disfarçado de “fiscal” da transparência.

Eufemismos, no entanto, não podem ocultar a natureza da coisa.

Existem diversas formas de o governo tentar manipular a imprensa. A mais óbvia é através de suas polpudas verbas de propaganda, incluindo as estatais. Num país com enorme presença do governo na economia, este fator merece destaque. O cão não morde a mão que o alimenta.

Além disso, o governo decide sobre as concessões, mantendo as empresas como reféns. Essa tem sido a arma preferida do caudilho Chávez.

Por fim, num país com excesso de leis e burocracia, onde o custo da legalidade plena é praticamente proibitivo, o governo sempre pode ameaçar as empresas com o achaque dos fiscais. Cristina Kirchner usou essa tática contra o “Clarín”.

O arsenal de munições do governo é vasto. Até mesmo uma herança da ditadura Vargas sobrevive, a “Hora do Brasil”, que invade as rádios do país todo na hora do “rush”. Um canal “chapabranca” de televisão também foi criado, mas felizmente o público o ignora por completo. O custo acaba sendo “apenas” os impostos cobrados para sustentar a máquina de proselitismo.

Agora o governo tenta uma vez mais controlar a imprensa.

Em “Areopagítica”, publicado em 1644, John Milton defendia que cada um pudesse julgar por conta própria o que é bom ou ruim: “Todo homem maduro pode e deve exercer seu próprio critério.” Para ele, a censura “obstrui e retarda a importação da nossa mais rica mercadoria, a verdade”. Thomas Jefferson, influenciado por tais ideias, afirmou que escolheria uma imprensa sem governo no lugar de um governo sem imprensa, se tivesse que decidir.

Por outro lado, Trotsky e Lenin consideravam a imprensa uma arma perigosa, e desejavam proibir a circulação de jornais “burgueses”. A História mostrou os riscos dessa mentalidade.

Nós não precisamos do filtro do governo na imprensa. O que precisamos é de mais liberdade ainda. Se alguns grupos concentram muito poder por conta de seu tamanho, então a solução é mais competição, não mais governo.

Um comentário:

  1. Cara Regina.


    Ultimamente os ratos vem sentindo-se cada vez mais atrevidos e por que não dizer, afoitos.
    Há um vídeo de uma dessas plenárias no blog do Reinaldo Azevedo, que espero publicar aqui. No referido video não há eufemismos; o orador diz que "devemos meter a mão". Perderam a vergonha de vez.

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