O ceticismo necessário


"Descobrir a gota ocasional de verdade no meio de um grande oceano de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e coragem. Mas, se não praticarmos esses hábitos rigorosos de pensar, não podemos ter a esperança de solucionar os problemas verdadeiramente sérios com que nos defrontamos - e nos arriscamos a nos tornar uma nação de patetas, um mundo de patetas, prontos para sermos passados para trás pelo primeiro charlatão que cruzar o nosso caminho". (Carl Sagan)

sábado, 31 de outubro de 2009

Tempos obscuros

O comportamento de turba protagonizado pelos alunos da UNIBAN São Bernardo diferencia-se em muito da atitude bovina que sempre tiveram diante dos problemas que afligem os estudantes do Brasil. Das altas mensalidades ao baixo nível dos professores, preferiram externar seus sentimentos perseguindo uma jovem de mini-saia. Nunca se levantaram contra a cumplicidade criminosa entre a UNE (entidade que teoricamente os devia representar) e dos mensaleiros, comprada por mais de 10 milhões de reais durante o governo companheiro. Nunca saíram em passeata pedindo punições para os assassinos de Celso Daniel. Não fizeram um primeiro de abril em homenagem ao diploma de Dilma e jamais gritaram slogans pelas mentiras e ataques a liberdade de imprensa. Há cerca de 40 anos , nas décadas de 60 e 70 usava-se a mini-saia como protesto político, e na primavera estudantil na frança e em praga, na Thecolosvaquia, moças desfilavam com as pernas a mostra, como forma de protesto e a pedir que a sociedade se despisse de seus preconceitos e boçalidade, festejando a liberdade física como metáfora a liberdade politica. Infelizmente, parece que cada vez mais nosso país gira para traz a roda da história. Não, não são os altos impostos que podem unir os estudantes da UNIBAN são Bernardo. Também a roubalheira bilionária segue incólume. Os recordes de mortes pela dengue não são nada. Vivemos em tempos obscuros e medievais e creio não faltar muito para estes estudantes queimem livros e desfilem com tochas acesas entoando hinos a intolerância. Penso exatamente da mesma forma que Reinaldo Azevedo; “ofenderam as mulheres. E eu sou mulherista: casado com mulher, pai de duas mulheres. E não reconheço a ninguém o direito de tocar nelas se elas não quiserem, ainda que saiam peladas à rua. Porque, para punir o comportamento inadequado, existe a lei. Assim como existe a lei, que espero que seja acionada, para punir aqueles bandidos e bandidas disfarçados de estudantes, que se comportaram como turba.”
E também como Augusto Nunes: “ O que há com o Brasil que está ficando cada vez mais jeca, mais selvagem, mais caipira, mais boçal?, estaria perguntando Nelson Rodrigues.
Se aparecesse assim na faculdade em que estudei, a protagonista do espetáculo da nudez ousadamente insinuada, um quase nada perto do que se vê em qualquer praia, seria aplaudida de pé, eleita por unanimidade madrinha de todas as festas de formatura de todas as turmas, celebrada por poetas comovidos com a materialização do sonho de todos os estudantes de todos os tempos, eternizada num monumento no centro do pátio. Inspiradora de uma campanha liderada pelo centro acadêmico e apoiada também pelos ex-alunos, a jovem das coxas visíveis a olho nu acabaria tombada pelo Patrimônio Histórico.
Neste outubro de 2009, escapou por pouco da morte a pauladas. A Era da Ignorância vai tornando o país cada vez mais primitivo. Cada vez mais parecido com a gente que o governa."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  ©Template Blogger Elegance by Dicas Blogger.

TOPO